Flag of Great Britain Flag of Brazil

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Buscando novos rumos (Parte 1: A bolsa de estudos)


Talvez esse post possa parecer uma saída para os problemas que levantei na última postagem, mas a verdade é que ele faz parte de um conjunto de coisas que me aconteceram há quase dois meses atrás, mas que mesmo sem um motivo exato, eu só resolvi relatar aqui agora. Como são basicamente relacionados a dois temas macro que citei no final desse post, preferi dividir esse assunto em duas partes, e essa será a primeira delas. Spoiler: Esse relato é uma verdadeira maratona, não diga que eu não avisei. Então, vamos lá.

Como já contei nos posts iniciais do blog, minha intenção principal ao pensar em intercâmbio foi mais em encontrar algo que me permitisse estudar algo na área que pretendo focar profissionalmente do que necessariamente apenas melhorar meu inglês. Apesar da espera frustrada do Ciência Sem Fronteiras na modalidade de Mestrado Profissional, sempre fiquei em estado de alerta procurando oportunidades de bolsa de estudos. Por um bom tempo considerei tentar um programa de bolsas na Inglaterra, mas o bendito exame de proficiência em inglês (o qual ainda não tenho) sempre me afastou de concretizar a ideia. 

Ainda assim, pouco tempo antes de vir pra Irlanda, encontrei um site oficial do governo, referente à educação, o qual disponibiliza várias informações sobre bolsas ao redor do país. Nesse site encontrei uma oportunidade criada em parceria com os governos da Irlanda e do Brasil, a qual ofereceria além do curso (que poderia ser graduação, mestrado, doutorado ou pós equivalente ao Lato Sensu), uma ajuda de custo para o aluno se manter por um ano, no valor de 7500 euros! Eram 15 bolsas apenas para alunos brasileiros, e o processo variava de universidade para universidade. Mesmo sem muita expectativa, encaminhei na época e-mails (foram quatro) para as que ofereciam o curso que me interessava e que faziam parte do programa. Assim como a Bia, fui severamente ignorado por quase todas, e a que me respondeu na verdade mandou um e-mail com várias informações vagas a respeito do programa. Como estava a poucos dias da minha viagem, acabei ficando naquela de "depois olho isso" e esqueci completamente.

Um pouco antes de completar dois meses aqui, num dia qualquer enquanto estava checando os grupos de Facebook aqui de Galway, vi um convite para brasileiros interessados em fazer doutorado na maior universidade da cidade (e uma das 300 melhores do mundo). Nunca tive - e não tenho - nenhum interesse em doutorado, mas ao questionar a autora do post sobre outras oportunidades, ela me encaminhou o link da página de bolsas da NUIG, onde estava listada a bendita oportunidade novamente. Dois detalhes: (1) foi essa a única universidade que havia me respondido (ainda que mal) quando questionei sobre a bolsa, e (2) era a única ainda disponível para inscrição nos cursos que começariam em Setembro (isso aconteceu no final de Junho, se não me engano). Ainda nessa página, pude entender que precisaria submeter, além de uma carta de apresentação explicando porque eu deveria ser aceito no curso, vários documentos referentes às minhas graduação e pós, como histórico e diplomas OFICIALMENTE TRADUZIDOS EM INGLÊS. O problema é que eu não tinha trazido nada disso comigo, quanto mais ter tudo isso traduzido. Mesmo tendo pouco mais de um mês sabia que seria impossível, pois por exemplo meu diploma da pós tinha ficado pronto há poucos dias atrás (e alguém no Brasil teria que ir buscá-lo pra mim). Além disso, adivinha o que também era solicitado: sim, um exame de proficiência em inglês hashtag chateado.

A possibilidade de conseguir era muito pequena, pois para essa universidade só havia UMA bolsa, a ser disputada por brasileiros de todos os níveis possíveis. Mesmo temendo não ter todos os requisitos necessários, e aproveitando que a NUIG fica a uns 15 minutos da minha casa, resolvi ir lá e tentar obter mais informações.

No escritório internacional, fui atendido por uma senhora que, apesar de me explicar um pouco mais sobre o processo, não pareceu acreditar muito que fosse possível. O que ela me sugeriu foi tentar conversar diretamente com a responsável pelo curso e tentar ver se eu conseguiria algum tipo de ajuda diretamente com ele. Acabei entendendo que o processo nesse caso se consiste basicamente em ser aceito primeiro pela coordenação do curso que eu queria, e só depois é possível tentar conseguir algum tipo de bolsa.

Chegando no prédio do curso depois de ter me perdido 30 vezes girando sem parar ao redor do campus, tentei encontrar a responsável, mas dei com a cara na porta. Tentando não perder a viagem, fui procurar alguém que pudesse me dar mais informações. Um simpático senhor me aconselhou a fazer a inscrição pelo site, encaminhando toda a documentação necessária mesmo em português, e tentar nesse meio tempo um contato com o real responsável pelo curso (a pessoa que me informaram no escritório internacional é na verdade a "secretária"). Ele também me explicou que o problema com a proficiência poderia ser "contornado" com o que eles chamam de conditional offer, ou seja, eu poderia ser aceito no curso, mas com algum tipo de observação, que no caso seria obter o tal exame assim que possível.

Resumindo um pouco essa parte: coloquei o pessoal da minha casa no Brasil feito louco pra levantar toda a documentação que eu precisava (com direito a pedir na universidade da pós os documentos da minha graduação que eu havia entregue lá, pois não daria tempo de solicitar novos); fiz a inscrição online com os documentos em português, mesmo com o site dizendo em letras garrafais que alguns deles deveriam ser enviados pelos correios; e tentei entrar em contato com o responsável pelo curso novamente, explicando TODA a minha situação, os problemas com a documentação e o nível de inglês (tentando justificar que estava estudando na escola de inglês parceira da universidade inclusive), mas descobri que ele estava de férias, e só retornaria depois de duas semanas, ou seja, teria que esperar pra ver o que iria acontecer.

Esperei mais de uma semana após o retorno do gentleman, mas como não obtive nenhuma resposta, e sendo brasileiro não desistindo nunca, resolvi voltar no prédio do curso e tirar satisfação perguntar educadamente se haviam analisado meu caso. Parecia que haviam se esquecido de mim, mas a "secretária" me recebeu e deu a boa notícia de que minha documentação estava OK de acordo com a análise do escritório internacional economizei vários reais não traduzindo os documentos, só faltando o OK do "todo-poderoso" para avaliar minha carta de apresentação e me dar o sim ou o não. 

Após algum tempo checando meu e-mail, e apenas a alguns dias do término do prazo para tentar a bolsa, tive a brilhante ideia de acessar o site onde fiz a inscrição e: TCHARAM, recebi um yes! Tinha conseguido ser aceito no curso, mas com o bendito asterisco da oferta condicional: precisaria apresentar uma prova do meu nível de inglês.

Não me dando por vencido, fui mais uma vez no escritório internacional ainda bem MESMO que essa universidade é perto da minha casa! e questionei o que poderia ser feito: antecipar o TOEIC que tenho direito na minha escola e usar ele como proficiência; alterar meu curso lá para algum que fosse aceito como preparação para a universidade; agendar um exame (TOEFL ou IELTS) mesmo sabendo do prazo curto, tanto pra me preparar quanto pra conseguir vaga disponível e correndo o risco de gastar uma grana em algo que não teria benefício imediato a não ser pra tentar essa bolsa. Estava cheio de dúvidas, e não souberam me informar nada lá. Fui encaminhado pra outro setor, e no final tive a oportunidade de conversar com a pessoa que fazia a avaliação das inscrições pra bolsa! Ela me disse pra obter inicialmente pelo menos uma declaração do meu nível na escola e enviar imediatamente a inscrição pra bolsa (que também consistia numa carta de apresentação, dizendo porque eu mereceria ser agraciado, e como agiria sendo "embaixador da universidade"). Também consegui "arrancar" a informação de que haviam por volta de dez pessoas concorrendo, o que me deu um pouquinho da sensação de estar realmente perto de conseguir.

Escrevi a carta como jamais escrevi nada antes sério, ficou muito foda, relatando toda a minha caminhada em busca de aprendizado, o quanto essa seria uma oportunidade inacreditável, e citei pontos como o trabalho voluntário na cidade, o grande incentivo do governo em patrocinar visto de trabalho na minha área, e até mesmo esse blog (pois a moça mencionou que "blogadas" seria uma das atividades do embaixador)! Depois de uma revisada rápida da minha professora e um esforço imenso em resumir tudo em "apenas" 600 palavras, enviei a carta e fiquei no aguardo.

Após um pouco mais de uma semana de agonia espera, a resposta: não fui selecionado para a bolsa. Claro que fiquei chateado, pois acabei me envolvendo num processo onde tudo parecia ser impossível desde o primeiro instante, mas realmente fui atrás e fiz o que pude fazer. Tenho MUITO a impressão de que a questão do inglês pegou, pois caso eu recebesse a bolsa ainda teria que obter o certificado, e o que aconteceria se não conseguisse? Perderia a bolsa e a vaga não seria preenchida, uma vez que o prazo pro início das aulas já estaria em cima da hora? Enfim, difícil saber. Mas o fato era que minha possibilidade de estudar algo na minha área de graça na Irlanda havia se esvaído naquele instante. O mais maluco, entretanto, é que algo também importante (ou talvez ainda mais) estava acontecendo ao mesmo tempo comigo. E esse será o relato do próximo post...

Nenhum comentário:

Postar um comentário